Com suporte emocional e muita informação, trabalho dessas profissionais dá segurança às gestantes e favorece o trabalho médico
Publicado em 13/07/2011 | Dâmaris Thomazini - O celular de Patrícia Bortolotto precisa estar sempre ligado: a qualquer momento ela pode receber a ligação de uma gestante em trabalho de parto. Mãe de três filhos, Patrícia contabiliza mais de 145 partos em que auxiliou o nascimento de bebês e de novas mães. Mas ela não é obstetra e tampouco parteira: advogada, ela atua hoje mais como doula – ou “aquela que serve” na definição do termo. Sua função antes, durante e depois do parto é ser um ponto de referência, fonte de segurança e informação para as gestantes. “Faço três encontros individuais antes do parto, indico materiais de leitura e promovo encontros entre gestantes. Durante o parto, a doula fornece suporte físico e emocional à mulher”, esclarece Patrícia. O trabalho da doula, que traz benefícios reconhecidos pelo Ministério da Saúde, é definido como vocação, mas antes de exercê-la é preciso fazer um curso. O mais próximo é realizado em São Paulo. Segundo Angelina Pita, coordenadora do curso fornecido pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (Gama), no Brasil existem cerca de 1,5 mil pessoas capacitadas para trabalhar como doulas, mas apenas de 10% a 20% está atuante. “A procura tem aumentado muito nos últimos meses, por conta da maior divulgação deste trabalho”, observa Angelina. A atividade das doulas vai na contramão de uma tendência em que a cesárea é a escolha de muitas mulheres. Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) mostram que no Brasil, 77% dos partos feitos na rede particular são cesáreas. Na Região Sul, 51,4% dos partos acontece desta forma.
Grávida de seis meses de seu segundo filho, a administradora Simone Melo viveu todas as inseguranças da maternidade em sua primeira gestação e isso incluía os mitos que cercavam o parto. “No começo tudo parecia muito assustador, tanto a cesárea, quanto o parto normal; mas no fim da gravidez eu não conseguia imaginar o nascimento do meu bebê se não fosse de forma natural”, conta a mãe de Artur, de um ano e sete meses.
A segurança para trazer o filho ao mundo sem qualquer intervenção de anestesia e sem a necessidade de pontos após o nascimento foi alcançada por Simone com o apoio de Patrícia, que além de tirar as dúvidas de gestantes individualmente, abre a sua casa para encontros quinzenais gratuitos entre futuras mães e pais. “Lá eu tive a oportunidade de afastar os medos com fatos. A gente assistia a alguns vídeos e as pessoas que já tinham filhos contavam suas experiências sobre o que foi bom e o que não foi na hora do parto”, conta Simone. “O médico acaba sendo técnico e a doula é um apoio mais emocional”, explica.
Desconfiança X benefícios
Nem todos os médicos são abertos à parceria de trabalho com uma doula. Para que preconceitos não atrapalhem esta relação é preciso que a gestante verifique se seu obstetra sabe o que faz uma doula e que ele aceite esta assistência prestada à mulher. O médico obstetra Carlos Miner é um incentivador do parto humanizado e há três anos trabalha com gestantes acompanhadas por doulas. Ele sente que as pacientes que têm esta assistência chegam mais preparadas e seguras para o grande momento. “Elas vão mais esclarecidas e informadas, assim a performance é melhor, diz Miner.
Na hora do parto, a doula é a primeira a ser chamada e a última a ir embora seja em procedimentos realizados em maternidades ou em casa. Seu principal papel é orientar a mulher em relação ao que ela pode esperar da gravidez, do parto e do pós-parto. “Ela não substitui o trabalho médico e de enfermagem, nem a presença do marido. A doula é uma acompanhante profissional que conhece as reações, orienta e acalma a parturiente. Com ela, a evolução do parto é melhor e a satisfação da gestante maior”, diz.
Encontre uma doula
O site http://www.doulas.com.br/ mantém um cadastro de doulas por Estado. Lá é possível encontrar o telefone de contato destas profissionais.
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